Um anjo para uma jovem morena
 



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Um anjo para uma jovem morena

João Carlos Hey


Vinha eu pela via que margeia o Cemitério Municipal do lado direito. Ela, em sentido contrário, à minha esquerda, junto ao muro alto. Sábado, noite quente de verão. Morena coxuda, de shorts. Violãozinho. Muito tarde para andar sozinha.

Na calçada oposta, quatro ou cinco rapazes. Percebi que mexiam com a moça, prontos para atravessar a rua. Nem sei o que poderia acontecer naquele momento deserto.

Metros adiante, rapidamente fiz a volta com o fusca e retornei no rumo do centro da cidade. Ao emparelhar com a jovem, parei e abri a porta. Ela entrou depressa, a tempo de deixar o grupo sem reação, do outro lado.

Arranquei e perguntei aonde está indo? Respondeu: à gafieira do Operário. Toquei para lá. Estacionei defronte a portaria, ela perguntou não vai entrar?

Aproveite a noite, princesa. E tome cuidado, volte acompanhada ou de táxi. Ela falou obrigada meu anjo, beijou-me a face direita e desceu sã e salva.

Após deixar a morena, retomei o caminho da casa de Eulália. Ela esperava por mim. Presa no cabelo, liberta do jardim, uma púrpura dália.

 

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